domingo, 8 de janeiro de 2017

2167 - Meryl Streep, o poder de uma presença

                                                                         

        Meryl não calcula, de leve, o poder de sua presença.
    A ansiedade dos Streepers é sempre enorme, enquanto está ausente. Mas quando aparece, publicamente, revoluciona tempo e espaço. E quando volta a se recolher, ainda assim, algo indelével, permanece, por onde tenha passado. E dura, como um tempo além, como uma presença espiritual - o que é impossível.
        Para nós, ser Streeper é doce. E a fim que sua ausência não nos doa tanto, mantemos na memória os recentes instantes de luz. Mesmo que não surjam as fotos, falamos de tudo, sem parar, para conservar a sua presença, embora ausente: lembramos dos detalhes e os comentamos. Um truque da mente, ou dos sentidos, faz com que mantenhamos a lembrança de sua aparência, mas é, na verdade, a camuflagem de uma ilusão teimosa que não quer se desvanecer, num processo cognitivo insistente, perturbador. Um tipo de prévia e incômoda saudade mental. O jeito é nos satisfazermos com a 'ausência-presença', a antítese do absurdo.
     Nesse ritmo lento e rigoroso, passam-se alguns dias, até que a Vida reassuma a sua velha e insípida rotina. E, no no estágio em que a própria ausência se evapora, toda a luz que restava se apaga, tudo à volta se torna plúmbeo, inquieto, um tanto sombrio... sem brilho e sem cor. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário