sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

2172 - Meryl Streep: as duas metades do Amor.

         Às vezes me 'autopenetro' tão profundamente, excogito tanto... e me entrego, subconsciente, às delícias das Artes músico-literais, tais como os prelúdios e sonatas de Chopin, a pintura de Michelangelo, os pensamentos e poemas shakespearianos, e poemas de autores nacionais, letras de músicas que são verdadeiros poemas...
        A verdadeira Arte é infinita, e meu coração se sensibiliza com as mais belas e perfeitas manifestações artísticas. A Arte Pura possui a incontinência de me comover sempre. Não resisto a ela. É uma das minhas leis orgânicas. Tenho uma preferência masoquista por aquela que me penetre e dilacere... essa se instala para sempre, dentro de mim. É a Arte plena, absoluta, genuína, natural, nascida da mais pura Empatia. Essa é a Arte da grande Meryl Streep, antes, de Mary Louise, a verdadeira alma da Atriz.
        Retornei de mim, com uma coincidência interessante. A poesia, declamada por uma jovem amiga há uns dias atrás, antecipou-se aos fatos reais e emocionais da personalidade de Meryl, tendo em pauta os recentes acontecimentos, desde o seu discurso, no Globo de Ouro deste ano.

 "Metade"

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
E que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e minha boca
Porque metade de mim é o que eu grito
E a outra metade é silêncio.

E que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na Paz que me vence.
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja algum dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
E a outra é um vulcão.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
E que me lembro de ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade... eu não sei.

Que a Arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
Que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia,
A outra é canção.

E que essa minha loucura seja um dia perdoada
Porque metade de mim é Amor
E a outra metade, também.

  - Autor: Osvaldo Montenegro
  - Declamadora: Mara Poliana


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